sábado, 11 de julho de 2009

Sensorial

É que as palavras não dizem.
Ainda que vastas, não bastam.
Mesmo assim teimo
e vou dizendo em silêncio,
assim, em sussurro no ouvido
como verdades grandes.
Dizendo pelos poros, pelos pêlos.
Pelos cílios que se encontram
por acaso na luz branda da escuridão.
Pelos olhos que brilham
no deslumbre do encontro
que é sempre o primeiro.
Os silêncios gritam,
daí que os olhos se lêem depois.
Os olhos conversam, se entendem.
Os olhos se sabem de um jeito,
ainda que não se enxerguem direito,
ainda que na escuridão da meia luz.
Então, os lábios conversam,
trocam as mais indizíveis palavras.
Então, as almas se lêem à revelia do poeta
os corpos e as almas entrelaçados no gesto único.
As almas brilham à luz da madrugada.
E os sentidos concentrados
apenas no desejo do outro corpo,
na vontade do prazer único
que é o prazer do outro.
As palavras afinal são poucas,
mas se desdobram em dizeres múltiplos
pelos diferentes sentidos ali demonstrados.

Um comentário:

Anônimo disse...

Oi Carol. Lindos versos.
Beijos!