terça-feira, 28 de abril de 2009

Ar rarefeito


Eu não sei o que acontece dentro da sua cabeça. Que diz que me ama sem olhar nos olhos, me coloca as qualidades que eu não tenho e faz cara feia. Me defende enquanto me falta razão e reclama desse meu coração de pedra. Pedra preciosa, isso sim. Que ainda rudimentar se vê clara sob a luz, raridade em meio ao lixo. E tamanho é o brilho aos olhos dos poucos que adentram sua camada porosa. Nariz arrebitado de teimosa, orgulho que fura a alma. Atrás desses olhos de ressaca posso provar que um musculo cardíaco pulsa ainda despreparado pra toda essa entrega desenfreada e toda essa imundice da vida cotidiana a dois. Devo ter sido mordida pelo mosquito da realidade, e vejo todas as intenções destorcidas por trás dos gestos. Talvez mordida pela desconfiança da vida moderna, mas eu sinto que há algo no vento que parece uma tragedia a caminho. Por mais que eu tente me esconder, eu sei que a nuvem negra ja se acomodou sobre a minha cabeça prometendo dias de tempestade. E eu ja sinto os pingos desse novo tormento que me tira as noites, me cala devagar. E, no fundo você não passa de uma dormência no pé, não me disperta grandes sensações de amor nem ódio, mas incomoda de certo modo. Antes ser dormencia passageira a tomar lugar do meu coração de vez, ou ruir sendo meu rim estragado. Por isso mantenho essa distância mínima, mas suficiente pra não tornar rarefeito o ar a minha volta e continuo respirando devagar.

Um comentário:

Anônimo disse...

Vc detona!!!!!!!!!!
Ah que raiva!