quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Metafísica

Palavras caem de mim como uma chuva sem fim, acariciando a pele, arrancando toda sanidade, me lavando a alma. Temporais de arrependimento, ondas de alegria me devoram por dentro. Seria o maior pecado da humanidade calar essa boca que transborda verdade. Nada faço pra cessar esse turbilhão descoordenado que me possui sem chance de resistência, algo superior que me foge o controle. Gotas tantas. Me afundo como um naúfrago à olhar o horizonte na procura do teu barco. Só quero saber quando a maré vai baixar, quando essa chuva vai passar ou quando você vem me resgatar. As pessoas e todo o resto podem esperar, mas enquanto o pensamento flui, um rio de palavras corre na minha direção. Turvo, turbulento, caudaloso. E as palavras não calam. Ainda hei de juntá-las num poema, assim despretensioso, já que de poeta nada tenho. Ainda hei de transformá-las num romance de final feliz. Mas por enquanto, me observe descarregar as mágoas, me deixe vomitar tudo isso que aflinge. Gotas tamanhas. E eu sou assim, não faço sentido nem quando falo algo sensato. Mas palavras não calam. Elas se escondem até a hora da explosão. Quero despir-me das palavras doces e transofrmá-las em verdade como mágica. E a minha insanidade ainda apertará os botões errados, dirá palavras sem verdade e fará sangrar-te sem piedade. O rio de palavras que outrora me afogava, me abandona seca, quase morta e com um quê de arrependimento estampado nos olhos.

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Quanto mais eu falo coisas sem sentido, mais falo de mim.